Tese de Doutorado: Fernando  Jesus da Silva


Esta tese está inscrita dentro da linha de pesquisa “Estudo de Processos de Variação e Mudança”
do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Linguística da Universidade do Estado de Mato
Grosso (UNEMAT) que tem como objetivo analisar os efeitos do contato linguístico entre o
espanhol e o português na fronteira Brasil/Bolívia sobre o léxico dos moradores de San Matias e
Cáceres. Assim, buscou-se por meio da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008 [1972]),
associada a Dialetologia Pluridimensional e Relacional (THUN, 1998), bem como de outras áreas
do conhecimento relacionar características espaciais com variáveis sociais para demonstrar a
variação lexical no espaço fronteiriço pesquisado. A área de abrangência da pesquisa contemplou
04 pontos de inquéritos para fins comparativos, a saber: ponto 01 (zona urbana de San Matias),
ponto 02 (San Juan de Corralito), ponto 03 (Corixa) ponto 04 (zona urbana de Cáceres). A
metodologia empregada possibilitou evidenciar a variabilidade lexical no espaço fronteiriço e os
condicionadores linguísticos e extralinguísticos. Para as entrevistas, foram utilizados dois
questionários: a Ficha do Informante com questões sobre atitudes linguísticas e o Questionário
Semântico-Lexical (QSL), com questões relacionadas a usos linguísticos locais acrescido de
questões baseadas no modelo do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (COMITÊ NACIONAL DO
PROJETO, ALiB, 2001). Ao todo foram entrevistados 24 (vinte e quatro) informantes entre
brasileiros e bolivianos, contemplando as variáveis diatópica, diastrática, diagenérica e
diageracional. A produção das análises ocorreu a partir do tratamento dos dados no software
SGVCLIN (ROMANO et al, 2014), correlacionando aspectos quantitativos e qualitativos através
de relatórios e produção de cartas linguísticas. Os resultados obtidos apontam para efeitos
distitntos do contato linguístico no espaço fronteiriço estudado, ou seja, do lado boliviano, uma
maior influência do português nas variáveis selecionadas, ao passo que do lado brasileiro, uma
ausência de influência do espanhol em todas as dimensões, isto é, tanto geográficas quanto
sociais. Essa disparidade é explicada com base nas condições históricas de produção das línguas
na fronteira, bem como pelos fenômenos de contato produzidos, dentre eles, o plurilinguismo, o
empréstimo lexical, a incorporação de usos linguísticos cacerenses no repertório lexical matienho
além da alta produtividade de lexias tomadas do português. No vocabulário dos brasileiros
manteve-se uma perspectiva monolíngue, conservadora e de prevalecimento do português sobre o
espanhol.
Palavras Chave: Sociolinguística; Contato linguístico; Fronteira; Léxico.

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